Beto na Austrália

9.8.07

CRISES

Antes de ir para a Australia eu ja tinha ouvido falarem da famosa crise dos 3 meses. Quando rolam saudades, vontade de jogar tudo pro alto e voltar pra vidinha de antes. Felizmente nao tive nada disso, nao passei por esse momento. Vi pessoas depressivas, chorando todo dia querendo voltar pro Brasil. Vi gente voltando por causa disso.

Sempre me perguntam se eu ja pensei em voltar pro Brasil, voltar de vez. Bom, ja pensei nisso logo no meu 1º emprego: ha muito tempo eu estava sem trabalhar, e voltei ‘a ativa logo no Villa Romana, o restaurante mais lotado de Cairns. Nao podia nem fazer break para fumar senao as panelas e pratos mal caberiam na pia. No 1º dia trabalhei 13 horas sem parar. No final do expediente, la pelas 3 da manha, sentei num banco em frente ao restaurante, com as pernas bambas, com vontade de incendiar todas as cozinhas do mundo. Para mim todo emprego seria daquele nivel, a sorte e’ que eu estava errado: uns 15 dias depois procurei outro lugar pra trabalhar, era bem mais light.

O que mais me segurou para nao voltar ao Brasil foram alguns amigos, em especial tres pessoas: Jorge, Fred e meu irmao. Me falaram que era fase, que o 1º trampo sempre e’ o pior, que as coisas iriam melhorando com o tempo, que eu nao passaria a minha vida toda lavando panela, etc.

Outra coisa que me segurou e me fez aguentar tudo sem desistir, foi lembrar de pessoas que me diziam que eu nao conseguiria ficar nem 2 meses na Australia, pois eu era (segundo essas pessoas), Mauricinho, playboyzinho, preguicoso. Lembrar disso me fez ter coragem para ralar igual um condenado. O mais bacana e’ que eu estou feliz la, e as pessoas que me criticaram continuam nas suas vidinhas de merda no Brasil. Provei para mim mesmo que eu sou capaz.

Ha poucos meses, um outro tipo de crise me pegou: lavando chao de cozinha, parava e pensava: “Meu, o que que eu estou fazendo aqui?”. Ai voce lembra da sua vida como era e como e’, de todo tempo que voce estudou, da educacao que teve, do seu carro no Brasil, enfim... O bom e’ que crises como essa sao passageiras, duram em media uns 5 minutos, ai voce pensa: “Porra meu, estou na Australia! Quantas pessoas queriam estar no meu lugar?”. Comeca a lembrar do dinheiro que ganhou na semana anterior com esse mesmo emprego, grana suficiente pra pagar o aluguel, comprar comida e iPod, por exemplo. Coisas que no Brasil dificilmente a gente pode ter. Depois do fim da crise, basta pegar o celular e ligar para algum amigo, chamando pra sair e curtir a vida.

Esse post fica sendo uma dica para quem estiver chegando agora. Tem que ir disposto a pegar qualquer trampo, sem frescura alguma. Todo mundo passa por essas crises, e’ normal. Apenas nao sejam preciptados a ponto de largarem tudo e voltarem pro Brasil. Caso facam isso, podem ter certeza: o arrependimento e’ certo!

Eu garanto: todo esse "sacrificio" vale a pena!

7 Comentários:

  • Às 12:15 PM , Anonymous Anônimo disse...

    Puta merda...
    esse foi o melhor post de blog!!
    Parabens rapaz!!!

    abrass

     
  • Às 12:16 PM , Anonymous Anônimo disse...

    corrigindo: "do blog!"

     
  • Às 3:02 PM , Blogger Moura disse...

    Betao concordo com o cara acima...
    Vc falou bem a verdade do que acontece aqui!
    Ainda bem que estou bem longe da `crise dos 3 meses`... Nao ando trocando a minha vida de agora pela que levava no Brasil!
    Australia eh du Karalho!

     
  • Às 5:08 PM , Blogger R.Costa. disse...

    Falae Beto!

    Cara, fala sério...esse seu comentário é uma "Injeção de Gás"!!!

    Obrigado e Parabéns!
    Grande Abraço.
    R.Costa.

    P.S.: "Te conheco" da comunidade do Orkut "Austrália-Brasil".

     
  • Às 2:22 AM , Anonymous Anônimo disse...

    Eu tb passei por algumas. Cheguei aqui com visto de turista e no primeiro mes gastei quase td que havia juntado no brasil com esforco do trabalho de 5 anos. Entao fui na Nova Zelandia p[ara trocar meu visto para estudante. Tava desesperada, sem grana, meu cartao de credito estava acabando os creditos para pagar meu hostel. Estava durmindo com 8 pessoas no mesmo quarto. ai. Queria voltar para a australia e curtir mais um tempo de experiencia. Liguei para varios trampos e nada, tava dificil, ai quase fui colher frutas em um lugar, mas ouvi falar que o pessoal rala e as x no final nao recebe. No dia anterior que ia colher frutas, conheci um brasileiro que me levou para alguns lugares para procurar empregos em bares, restaurantes, ate que cheguei a um tal de "Show Girls". Que lugar e esse? Pedi se tinha vaga para bar attendant, mas eles nao tinham so para dancarina. Ai tentei, tive que comecar assim, se nao nunca iria conseguir pagar meu curso. Entao, juntei bastante grana como dancarina, as meninas nao fazem nada mais, nao sabia que tinha isso por aqui. Bem, consegui pagar meu visto, mandei dinheiro para minha familia no brasil, que estava endividada ja, e voltei para a Australia. Trabalhei como dancarina com visto de estudante mas procurei trabalhos e bares, fiz meu RSA e trabalho em bares aqui hj. O trampo de dancarina me ajudou, de uma certa forma sendo mulher algumas coisas ajudam, mas as x rola um preconceito por isso nao sigo adiante muito isso, tento fazer outras coisas. Nos bares que trabalhei ralei muito, tive que fazer varias hras sem break, tive que limpar vomito, etc. Hj sou residente. Acabei conhecendo um ozzy, passei por varias barras que a diferenca de cultura pesa, sao ideias diferentes, enfim, nao e facil, tem que gostar muuuito para ficar, tem que querer muuuito. Estou quase la, hj em dia fazendo o curso que quero, quase trabalhando com o que quero, progredi muito, mas as coisas demoram. Ja quase desisti, mas tive medo de me arrepender e nunca mais poder voltar atraz. Se voltasse para o Brasil, como iria conseguir outro visto? E dificil.

     
  • Às 12:08 PM , Blogger FeeL disse...

    muito bom!
    Inspirador!

     
  • Às 1:25 AM , Blogger Unknown disse...

    Po Betão, to lendo quase todos os posts, desde o primeiro (q foi qdo te mandei o primeiro email) e sem dúvida esse foi o melhor (até agora, hehehe, pq ainda quero ler os de 2008)...

    Abraço e até breve!

     

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